quarta-feira, 3 de julho de 2013

Dieta proposta em best-seller prega dois dias de quase jejum por semana

Fonte: Folha de S. Paulo (03/07/13)

Coma o que quiser a maior parte do tempo e, ainda assim, perca peso e seja saudável. A promessa está no livro "The Fast Diet" --em inglês, quer dizer dieta do jejum e dieta rápida. O regime está sendo alardeado pela imprensa britânica como o mais revolucionário desde Atkins (a dieta da proteína), e o livro, lançado em janeiro, lidera o ranking de best-sellers da versão local do site Amazon. Em setembro, chegará ao Brasil com o nome "A Dieta dos 2 Dias", pela editora Sextante. 

Os autores, o médico e produtor Michael Mosley e a jornalista Mimi Spencer, contam que, nos "dias de folga", consomem de batata recheada a peixe empanado. Ele emagreceu 8,5 kg em três meses; ela, 6 kg em seis meses. Mosley trabalha na rede de TV britânica BBC. Em 2012, foi cobaia em um documentário sobre jejum intermitente. Depois de testar jeitos de jejuar, Mosley criou seu método, chamado de 5 por 2. "As evidências mostram que a dieta intermitente é segura e dá mais benefícios para a saúde que uma dieta-padrão", disse Mosley à Folha.


COMPULSÃO
Embora a recomendação de Mosley seja não contar calorias nos dias de folga da dieta, ele diz que exagerar pode colocar tudo a perder. Mas, para o médico Amélio Godoy Matos, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a compensação acontece. "A pessoa vai comer mais nos outros dias." A variação entre quase jejum e fartura pode desencadear episódios de compulsão alimentar, de acordo com a nutricionista Adriana Kachani, do Instituto de Psiquiatria do HC de São Paulo. 

"É um comportamento de risco. A pessoa pode não saber que tem transtorno alimentar até fazer essa dieta."
A longo prazo, outro efeito visto em ratos de laboratório é o aumento da produção de radicais livres e o desenvolvimento de diabetes por insensibilidade à insulina."É uma dieta que perturba o controle do metabolismo", diz Bruno Chaussê, biólogo e pesquisador do Instituto de Química da USP. Para Matos, os benefícios não compensam o risco. "O melhor é comer menos sempre e de três em três horas."