sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Soro e manta gelados salvam triatleta cujo coração parou por 20 minutos

 Fonte: Folha de São Paulo (04/10/2012)

Karime Xavier/Folhapress
Por 20 minutos, o coração do advogado e triatleta Glauco Reis, 39, parou. Ele recebeu massagens cardíacas, mas só voltou a ter batimentos após um choque de desfibrilador automático. Ao acordar, porém, tinha 80% de chances de sofrer lesões neurológicas permanentes em razão da falta de oxigênio no cérebro. Foi submetido, então, a um tratamento ainda pouco difundido no país, a hipotermia terapêutica, que consiste em reduzir em 5 graus Celsius a temperatura do paciente. A terapia, que já é usada em instituições como o InCor (Instituto do Coração), HCor (Hospital do Coração) e hospital Albert Einstein, passa a fazer parte das novas diretrizes brasileiras sobre os cuidados pós-ressuscitação cardiorrespiratória, que serão publicadas no próximo mês. "A hipotermia já faz parte das boas práticas médicas. Não adotá-la é privar o paciente de um tratamento que vai reduzir muito as chances de ele ficar com sequelas neurológicas", diz Sérgio Timerman, cardiologista do InCor. 

Levado ao InCor pelo Samu, Reis teve o corpo resfriado com soro gelado na veia e usou manta e roupas térmicas durante 24 horas. Um termômetro no esôfago monitorou a temperatura para que ela não caísse abaixo dos 30 graus Celsius. Todo o tratamento foi pelo SUS. Estudos mostram que, após uma parada cardíaca, de 60% a 90% dos pacientes morrem. Dos que sobrevivem, até 80% podem ficar com sequelas. Com o uso da hipotermia, que aparentemente coloca o corpo num estado de "espera" e minimiza danos, as chances de sobrevida sem sequelas são de 75%.