Drogas guiadas pelos vasos sanguíneos fazem macacos emagrecer e podem ser uma forma seletiva de tratar tumores
Marcos Pivetta
© Barnhart et al / MD A.nderson Cancer Center
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Ressonância magnética de macaco rhesus antes (à esq.)
e depois do tratamento com a nova droga.
O vermelho indica as células de gordura |
Há cerca de 10 anos, o casal de cientistas brasileiros Renata Pasqualini e Wadih Arap começou a investir pesadamente numa linha de pesquisa contra o câncer com potencial, ao menos em teoria, de gerar drogas com alto grau de especificidade, letais apenas para as células dos tumores. A ideia da bióloga molecular e do médico pesquisador, que chefiam conjuntamente um laboratório no prestigiado MD Anderson Cancer Center, da Universidade do Texas, em Houston, era explorar uma característica vascular dos tumores (e de outros problemas de saúde) para desenhar tratamentos e formas de diagnóstico mais seletivos. O câncer faz surgirem vasos sanguíneos na hora e no lugar errados que têm uma assinatura química única, uma espécie de CEP molecular particular e diferente do apresentado por células sadias desse mesmo tecido. Se for possível então mapear o endereço químico de cada tipo de tumor e desenvolver proteínas-carteiros capazes de levar uma encomenda explosiva somente para os vasos que alimentam as células indesejadas, a possibilidade de construir drogas a partir das peculiaridades do sistema vascular pode ser testada na prática.